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PAISAGEM: um estranho que nos habita
Por: Maria Alice Ferreira
Paisagens irreais, abstratas, sentidas, sugeridas, desejadas, vivenciadas. Estão todas ali, no universo pictórico que a artista Ana Roberta nos apresenta. De modo sutil ela envolve o espectador nesses cenários, que por vezes são reconhecíveis, outras, são territórios ainda inabitados.
O desbravamento das paisagens é conduzido de maneira límpida, por meio de uma paleta cromática leve, na qual a fluidez do cenário proporcionou espontaneamente a escolha das cores no processo criativo.
As janelas de seu ateliê são um enquadramento para as composições que vão surgindo de um universo onírico, no qual pinceladas ora carregadas de tintas, ora raspadas, ora aguadas são decididas no ato da criação. O efeito provocado por tais visualidades é de imersão em um mundo de sonhos, em que a suavidade graciosa das paisagens se faz de maneira penetrante e perspicaz.
Em oposição a existência na contemporaneidade, a natureza na obra da artista é pura, selvagem, sem presença humana, sem excessos de informação ou significações. Ali, onde a obra se dá, o mundo é puro e cru. Essa paisagem que se compõem ainda será transformada pelo ato da experiência estética, na qual a interação com esses cenários nos proporciona.
O que fica é a delicada sensação de adentrar num ambiente tão particular da artista, mas também tão expressivo da própria humanidade.
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